quinta-feira, 23 de março de 2017

Mãe do Silêncio e da Humanidade



Mãe do Silêncio e da Humanidade, tu vives perdida e encontrada no mar sem fundo do Mistério do Senhor.

Tu és disponibilidade e receptividade. Tu és fecundidade e plenitude. Tu és atenção e solicitude pelos irmãos.


Estás revestida de fortaleza. Resplandecem em ti a maturidade humana e a elegância espiritual. És senhora de ti mesma antes de ser Nossa Senhora.

Em ti não existe dispersão. Em um ato de simples e total, tua alma, toda imóvel, está paralisada e identificada com o Senhor. Estás dentro de Deus, e Deus dentro de ti. O Mistério total te envolve e te penetra e te possui, ocupa e entrega todo o teu ser.


Parece que em ti tudo ficou parado, tudo se identificou contigo: o tempo, o espaço, a palavra, a música, o silêncio, a mulher, Deus. Tudo ficou assumido em ti, e divinizado.


Jamais se viu figura humana de tamanha doçura, nem se voltará a ver nesta terra uma mulher tão inefavelmente evocadora.


Entretanto, teu silêncio não é ausência, mas presença. Estás abismada no Senhor e ao mesmo tempo atenta aos irmãos, como em Caná. A comunicação nunca é tão profunda como quando não se diz nada, e o silêncio nunca é tão eloquente como quando nada se comunica.


Faz-nos compreender que o silêncio não é desinteressante pelos irmãos, mas fonte de energia e de irradiação; não é encolhimento, e sim projeção. Faz-nos compreender que, para derramar, é preciso preencher-se.


Afoga-se o mundo no mar da dispersão, e não é possível amar os irmãos com um coração disperso. Faz-nos compreender que o apostolado sem silêncio é alienação, e que o silêncio sem apostolado é comodidade.

Envolve-nos em teu manto de silêncio e comunica-nos a fortaleza de tua Fé, a altura de tua Esperança e a profundidade de teu Amor.

Fica com os que ficam e vem com os que partem.


Ó Mãe Admirável do Silêncio!

Inacio Larrañaga, em "O Silêncio de Maria"

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